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Título: ATRAÇÃO, RETENÇÃO E FORMAÇÃO: desafios em tempos difíceis no ensino superior.
Resumo: Ao receber o convite da Pearson para esse debate fiquei surpreso com o tema e, para aumentar o nível de expectativa, a organização do evento incluiu na lista de convidados nomes de destaques na comunidade acadêmica, a exemplo dos professores Renato e Luciano.

Foi um prazer enorme ficar cara a cara e conversar com o Prof. Luciano Meira(https://youtu.be/CjUeeYTmZ4w)  a quem admiro muito, não só pela sua capacidade de juntar o complexo acadêmico à prática universitária com a mesma sabedoria de um bom educador, como também pela qualidade do que tem produzido para mudar os rumos da educação no País.

A seguir, alguns apontamentos da minha interpretação/compreensão registrados durante o colóquio, que acredito possam contribuir para reflexões atuais e futuras no campo do ensino superior brasileiro.

Palavras-chave:

Atração, Retenção, Formação, Inovação, Ensino Superior 

Artigo na íntegra:  

 

ATRAÇÃO, RETENÇÃO E FORMAÇÃO: desafios em tempos difíceis no ensino superior.

Relato-Resumo

Por Enilton Ferreira Rocha,

Lattes:­­ http://lattes.cnpq.br/1682585826032961

 

Centro de Convenções - Hotel Pullman: Vila Olímpia

Local: São Paulo

Data: 01 e 02 de setembro de 2016

Organização: PEARSON

Keynote Speakers (Convidados):

Renato Janine Ribeiro - Ex-Ministro da Educação (2015) Lattes:(http://lattes.cnpq.br/9987610379141827)

Luciano Meira - Educador, Pesquisador e Educador (UFPE) L

Lattes: (http://lattes.cnpq.br/0903590025049309)

Willian Lin - Instituto 9c

Ao receber o convite da Pearson para esse debate fiquei surpreso com o tema e, para aumentar o nível de expectativa, a organização do evento incluiu na lista de convidados nomes de destaques na comunidade acadêmica, a exemplo dos professores Renato e Luciano.

Foi um prazer enorme ficar cara a cara e conversar com o Prof. Luciano Meira (https://www.youtube.com/watch?v=CjUeeYTmZ4w) a quem admiro muito, não só pela sua capacidade de juntar o complexo acadêmico à prática universitária com a mesma sabedoria de um bom educador, como também pela qualidade do que tem produzido para mudar os rumos da educação no País.

A seguir, alguns apontamentos da minha interpretação/compreensão registrados durante o colóquio, que acredito possam contribuir para reflexões atuais e futuras no campo do ensino superior brasileiro.

Cenários do Ensino Superior Brasileiro (Prof. Renato Janine Ribeiro)

Do ponto de vista do FIES

Destaquei alguns pontos que considerei relevantes para este paper começando pelo impacto do FIES no ensino superior. Segundo ele, na perspectiva de subsidiar o acesso de milhões de brasileiros ao ensino superior no Brasil, se o FIES, em sua implementação, está ruim, “sem ele ficará pior”. O que faz a diferença nessa proposta governamental é a qualidade dos cursos que serão oferecidos. O FIES, em sua proposta original, deveria priorizar as áreas da Saúde, Engenharia e Formação de Professores, do mesmo modo as regiões do País com maior IDH. Do ponto de vista do acesso, a seleção é baseada na meritocracia pela nota do ENEM e isso pode, de certo modo, estar na contramão do objetivo do FIES, reduzindo a quantidade de beneficiários. No âmbito geral, o FIES deveria ser bom para o aluno, para a sociedade e para as IESs. Nesse tripé observa-se que há uma deficiência em relação ao pouco resultado prático para o aluno, principalmente no aspecto da empregabilidade. Essa deficiência estaria influenciando na retenção dos alunos? Destacou, o ex-ministro, que no cardápio de oferta do ensino superior temos cursos que oferecem conteúdos com 50% a 70% que não garantem empregabilidade ou não contribuem para a aprendizagem significativa. Isso pode ser impactante do ponto de vista de resultados práticos, de coerência acadêmica entre a entrada universitária e a quantidade de egressos oferecidos à sociedade produtiva. Nesse cenário pergunta-se: o que desenhar, do ponto de vista curricular, para tornar a oferta do ensino superior atraente ao candidato ao FIES?

No ranking da procura, estão os cursos cujos currículos são tradicionais e isso pode, de certo modo, dificultar a disruptura na oferta, mas o cenário atual é favorável a essa reorganização ou desorganização mesmo nessa procura, de modo a aproximar ainda mais esses cursos aos seus candidatos, com atenção especial à urgência em se preocupar com a investigação temática envolvendo atração, retenção e formação.

São eles: 1º lugar, direito (10,4,%) de 2 milhões e 800 mil; 2º administração (10,2%), 3º Pedagogia (8,3%) e 10º Engenharia Produção (2,1%) entre os 10 primeiros lugares.

Problemas de atração e retenção

Segundo a exposição apresentada pelo professor, há no Brasil um grande descompasso entre as áreas de formação e os milhões de brasileiros que não se empregam em suas áreas de formação. Como oferecer currículos que sejam bons para os interesses das IES e que atendam às expectativas dos seus candidatos universitários? Essa talvez seja a grande urgência das universidades que se preocupam com a atração e retenção, tanto no aspecto econômico-social quanto na qualidade formativa do egresso. Reter perpassa pela capacidade da IES de oferecer currículos e modelos de aprendizagem que fazem o aluno vestir a camisa da sua escola, além de estabelecer um vínculo acadêmico duradouro e formativo. Ainda nesse contexto, é bom que as universidades façam um exercício de autorreflexão quanto aos questionamentos da sociedade contemporânea: diploma = emprego? Por que as pessoas estudam na sua universidade? Diploma possui prazo de validade? O que as IES estão fazendo para renovar/ressignificar esse diploma? Por que ainda muitas IES oferecem currículos tradicionais ou defasados? Isso poderia estar impactando na redução da retenção acadêmico-universitária? Ou na atração? O que seria pior para a IES e para a sociedade nos dois casos?

O que não adianta

Convêm destacar, nos diálogos com o convidado, a consideração ao fato de que muitas IES brasileiras insistem em formatar e oferecer cursos de “fôlego curto”. Além disso, é preciso separar treinamento de formação nas universidades que ainda não descobriram essa imensa diferença... e que, na sociedade atual imediatista e digital separar o joio do trigo é fundamental. Currículos longos e fora da expectativa da sociedade produtiva são tão prejudiciais à retenção quanto aos cursos em formato de treinamento...

O que adianta

Do ponto de vista formativo e da retenção, apesar do excesso de informações que bombardeam a sociedade digital, diariamente, nas redes sociais e em dispositivos móveis, manter a qualidade do ensino universitário é fundamental. É ser diferente, inovador... Nesse aspecto, recomenda-se investir no formativo, na educação que faz o aluno, por exemplo, descobrir “o olho da engenharia” ou “o olho da administração”. Isso significar dizer que o aluno seja capaz, como egresso, de possuir mais um olho, o olho do mundo na sua área formativa. Investir em tecnologia, tanto em laboratórios pedagógicos quanto na formação continuada de professores e alunos é também uma poderosa arma nos processos de retenção e formação. É ilusório acreditar que a inovação vem da unilateralidade pedagógica. Investir em indicadores de desempenho das pessoas nessa conjuntura é acreditar na diferença, na inovação. Reter bons professores faz uma grande diferença nesse cenário, mas o professor precisa compreender o seu novo papel acadêmico-social, precisa atualizar-se, inclusive tecnologicamente, e valorizar a importância da sua “sabedoria” em utilizar o seu conhecimento na formação do egresso. Conteúdo é farto, mas o professor é essencial (Janine, SP, 2016)

Graduação para a vida

Humanizar é preciso... e a educação, segundo o que se observa no movimento global a favor de uma educação para a vida, deve ser pautada em currículos universitários cuja intenção seja a de desorganizar os modelos tradicionais nesse nível de aprendizagem, tendo, como base fundamental para essa mudança, a recomendação de investir misturando matérias da VIDA aos contextos curriculares e da aprendizagem que possam permitir aos alunos a oportunidade de reflexões e intervenções como diferenciais para um olhar que veja não apenas um mundo novo, mas, também, que o veja de modo conectado (Janine, SP, 2016). Nesse momento dos diálogos surgiram alguns questionamentos entre os pares do colóquio: inovar não pode estar associado aos games na educação, até porque quanto tempo esse artefato tecnológico vai durar como estratégia de aprendizagem? Não seria mais inovador investir em alternativas pedagógico-andragógicas de letramento cultural e científico, domínio de português, inglês e historia? Investir nas competências das relações humanas na aprendizagem? Por exemplo?

Sob esse olhar, surge como elemento fundamental a formação contínua da equipe multidisciplinar ligada diretamente à formação nas universidades, com destaque para o conhecimento da ética com o objetivo de formar pessoas mais humanas, formar pessoas que possuam o domínio de humanidades no convívio social e acadêmico, e, sobretudo, preparar o aluno universitário para conviver com várias profissões que desaparecerão ao longo de sua vida, em especial aquelas que estão na mira do avanço indiscriminado das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, NTICs.

Conhecimento com prazo de validade

Pensar que o conhecimento, enquanto motor formativo e de impactos sociais, culturais e de empregabilidade, estará disponível apenas nas salas de aula hierárquicas e institucionais, pode constituir-se em um desastre acadêmico-institucional. Nessa hipótese, a urgência em cursos mais curtos e contextualizados contribui para amenizar e reduzir a defasagem entre o que se procura e a oferta de cursos superiores. Mas para isso é imperativo considerar a distinção entre treinamento e formação e investir em atualização constante da competência acadêmica do corpo docente. Sob essa perspectiva, há um movimento mundial de integração entre IESs. Desse modo, há de se questionar: por que insistir em cursos tradicionais?

 Conquistando com excelência no ensino superior (Atração e retenção, aspectos a considerar) (Willian Lin - Instituto 9c)

Nesse momento do debate a atenção especial ficou por conta da humanização nas relações de atendimento aos candidatos, nas relações entre professores e alunos e entre a IES e sua comunidade. Segundo o interlocutor desse tema no evento, é preciso perceber e oferecer oportunidades de realização dos sonhos do aluno. Nesse sentido, preocupar-se com a inteligência emocional nas relações de aprendizagem e de prestação de serviços é tão importante quanto a preocupação de ensinar com qualidade. Os nossos professores estão preparados para essa missão humanista além da sala de aula? Estão preparados para as comunidades de aprendizagem para a vida, onde se interessar pelo outro (quem é você, de onde veio, o que veio buscar na minha escola, quem é a sua família?) é parte indissociável da estratégia de aprendizagem. Por que não adotar essa medida na escola oficial/tradicional? Do ponto de vista da atração, esse cuidado talvez seja o grande diferencial em relação aos concorrentes. Talvez seja a grande jogada de marketing no processo de atração. Atender além das expectativas não é mais diferencial na atração, mas uma questão de sobrevivência no “mercado educacional”.

Segundo o convidado Lin, Quality Service Management pela Disney Institute, humanizar na oferta de serviços educacionais significa, por exemplo, estar atento ao que pode ser feito pelo aluno utilizando a comunicação bilateral em interfaces do seu dia a dia: dispositivos móveis e redes sociais por exemplo. Significa comunicar-se de modo efetivo com o aluno, utilizando as competências internas da IES para que a escola não se afaste dos interesses do aluno.

Outro ponto de atenção nesse diálogo foi a recomendação para a investigação sobre elementos da emoção do aluno, de modo a aproximá-lo, também, pela humanização. Talvez no design da promoção de eventos sociais e campanhas de marketing de atração e aproximação. É preciso observar “os detalhes” que contribuem ou reduzem a capacidade de atração e continuidade; é preciso atenção especial ao processo de “comparação” consciente ou inconsciente que os alunos fazem enquanto principal personagem de impacto no processo de atração.

Do ponto de vista do atendimento, o que estamos fazendo para atender melhor o nosso aluno? Há entusiasmo da equipe de atendimento na IES ofertante? Há investimento contínuo na infraestrutura de atendimento ao aluno?A IES costuma parabenizar os seus melhores alunos ou aqueles que vestem a sua camisa? O que o aluno sabe sobre a história da sua escola, sobre o perfil dos seus dirigentes?

Para finalizar, o Sr. Lin deixou a seguinte reflexão: todas as pessoas em uma equipe de trabalho são importantes e devem estar conectadas com o mesmo objetivo, a mesma meta... “Só vende, atrai e mantém quem atende bem e com atenção diferenciada” (Lin, SP,2016).

 Retenção: inovação no ensino superior (Estratégias baseadas na inovação) (Prof. Luciano Meira)

Neste momento dos debates, o prof. Meira abre espaço para intervenções sobre o conceito de inovação. Segundo ele, inovar acontece quando alguém consegue servir a sociedade. Apresentou para instigar o debate o MC - Mapa Conceitual da sua tese, conforme se segue:

Inovação segundo Meira, SP, 2016.

Neste design, como proposta de inovação, não basta inovar para agregar valor se não há mudança de comportamento, se os resultados apurados não servem à sociedade em seus anseios sociais, culturais e de empregabilidade.

Destacou que no campo da pesquisa a inovação tem seu espaço para atender às demandas sociais, mesmo que no campo da aplicação. Nesse processo combinado entre pesquisa e inovação, a pesquisa básica deve servir de orientação para o inovar nas aplicações de cunho social. A mudança de comportamento pode ser o melhor indicador de inovação, e acredita-se que para isso a utilização de plataformas familiares e amigáveis pode favorecer e fortalecer os impactos da inovação na educação.

Discutiu-se nesse momento, a defasagem da ação de professores e pedagogos do século 19 no atendimento aos alunos do século 21. Observou-se durante esse questionamento a urgência de explorar, nessa dicotomia, a necessidade de inovar com a participação da família, inovar permitindo ao professor que ele tenha acesso ao avanço tecnológico que lhe dê conforto tecnológico-digital. Inovar nesse descompasso pode ser usar o marketing social em rede para desenvolver a consciência da aprendizagem colaborativo-cooperativa. Sugeriu, o prof. Meira, como ponto de partida, do ponto de vista da aprendizagem ativa, que a inovação acadêmica possa ter início com a introdução da aprendizagem baseada em projeto ou desafios, a exemplo do que foi demonstrado em suas práticas na Universidade Federal de Pernambuco, sob seu comando. Recomendou ainda que nessa proposta a interdisciplinaridade e a equipe multifunção não podem ser ignoradas sob pena de resultados pífios a serem apurados.

Do ponto de vista educacional, a inovação deve trilhar por um caminho rumo à retenção combinada com as realidades dos alunos (socioregionais, socioeconômicas e tecnológicas). Ainda no campo da inovação pedagógica, a gamificação pode introduzir na prática docente a possibilidade de desenvolver novas habilidades e competências, por meio de suas fases e narrativas, intercalando desafios e metas em diferentes momentos da sua lógica de aprendizagem desafiadora.

Sugeriu explorar a comunicação digital-móvel com avisos e mensagens de aproximação com o aluno, por meio do celular como interface de atenção aos alunos em momentos de dificuldades, de aprendizagem ou aulas de reposição.

Finalmente recomendou como estratégias para a inovação no ensino superior, desenvolver projetos e programas universitários que deem atenção especial para:

Como descobrir quem são as pessoas líderes na sua universidade? Crie um “movimento” com as características do tripé: novidade, valor agregado e mudança de comportamento para a inovação dentro da sua universidade com esses líderes. Eles poderão, de modo convincente, promover o engajamento de novos líderes ou de pessoas que ainda estão em dúvida sobre a real necessidade de mudanças para oferecer novos diferenciais aos alunos e fortalecer a retenção.

Pense em investir em projetos do tipo “startup acadêmico”, de modo a descobrir e incentivar o espírito inovador do estudante e da comunidade acadêmica da sua IES materializado em projetos de atendimento à sociedade onde vivem.

Promova eventos que permitam os “15 minutos de fama” das competências e iniciativas criadoras e inovadoras internas.

Contrate um designer de serviços ou de experiências internas, que permitam parcerias inovadoras com os professores e alunos. Nesse sentido, o envolvimento de alunos e professores em projetos dessa monta é fundamental para que haja sustentabilidade acadêmcia, para que haja retenção.

Contribuições da instituição organizadora (Formação, Atração e Inovação)

Não menos importante, a instituição organizadora do evento apresentou as suas contribuições de apoio às ações universitárias no objetivo de desenvolver novas competências para o aumento da retenção, para o desenvolvimento de projetos educacionais inovadores e novas técnicas de atração e formação de pessoas nas comunidades acadêmicas nacionais e internacionais.

 Considerações finais

Enfim, dentre tantas experiências e vivências, o IV colóquio Pearson foi de grande relevância em minha trajetória como educador e professor. Trouxe não só aspectos de autorreflexão para o meu cotidiano na EaD, mas principalmente permitiu aos participantes do evento momentos de grande potencial de retenção dos conteúdos, ideias, recomendações e modelos inovadores apresentados durante os debates e as atividades de aprendizagem ativa promovidas durante o colóquio.


Data da publicação: 8 October 2017
Área de conhecimento: Gestão da EaD
Arquivo: PDF document retencaoensinosup .pdf

 

ATRAÇÃO, RETENÇÃO E FORMAÇÃO: desafios em tempos difíceis no ensino superior.

Relato-Resumo

Por Enilton Ferreira Rocha,

Lattes:­­ http://lattes.cnpq.br/1682585826032961

 

Centro de Convenções - Hotel Pullman: Vila Olímpia

Local: São Paulo

Data: 01 e 02 de setembro de 2016

Organização: PEARSON

Keynote Speakers (Convidados):

Renato Janine Ribeiro - Ex-Ministro da Educação (2015) Lattes:(http://lattes.cnpq.br/9987610379141827)

Luciano Meira - Educador, Pesquisador e Educador (UFPE) L

Lattes: (http://lattes.cnpq.br/0903590025049309)

Willian Lin - Instituto 9c

Ao receber o convite da Pearson para esse debate fiquei surpreso com o tema e, para aumentar o nível de expectativa, a organização do evento incluiu na lista de convidados nomes de destaques na comunidade acadêmica, a exemplo dos professores Renato e Luciano.

Foi um prazer enorme ficar cara a cara e conversar com o Prof. Luciano Meira (https://www.youtube.com/watch?v=CjUeeYTmZ4w) a quem admiro muito, não só pela sua capacidade de juntar o complexo acadêmico à prática universitária com a mesma sabedoria de um bom educador, como também pela qualidade do que tem produzido para mudar os rumos da educação no País.

A seguir, alguns apontamentos da minha interpretação/compreensão registrados durante o colóquio, que acredito possam contribuir para reflexões atuais e futuras no campo do ensino superior brasileiro.

Cenários do Ensino Superior Brasileiro (Prof. Renato Janine Ribeiro)

Do ponto de vista do FIES

Destaquei alguns pontos que considerei relevantes para este paper começando pelo impacto do FIES no ensino superior. Segundo ele, na perspectiva de subsidiar o acesso de milhões de brasileiros ao ensino superior no Brasil, se o FIES, em sua implementação, está ruim, “sem ele ficará pior”. O que faz a diferença nessa proposta governamental é a qualidade dos cursos que serão oferecidos. O FIES, em sua proposta original, deveria priorizar as áreas da Saúde, Engenharia e Formação de Professores, do mesmo modo as regiões do País com maior IDH. Do ponto de vista do acesso, a seleção é baseada na meritocracia pela nota do ENEM e isso pode, de certo modo, estar na contramão do objetivo do FIES, reduzindo a quantidade de beneficiários. No âmbito geral, o FIES deveria ser bom para o aluno, para a sociedade e para as IESs. Nesse tripé observa-se que há uma deficiência em relação ao pouco resultado prático para o aluno, principalmente no aspecto da empregabilidade. Essa deficiência estaria influenciando na retenção dos alunos? Destacou, o ex-ministro, que no cardápio de oferta do ensino superior temos cursos que oferecem conteúdos com 50% a 70% que não garantem empregabilidade ou não contribuem para a aprendizagem significativa. Isso pode ser impactante do ponto de vista de resultados práticos, de coerência acadêmica entre a entrada universitária e a quantidade de egressos oferecidos à sociedade produtiva. Nesse cenário pergunta-se: o que desenhar, do ponto de vista curricular, para tornar a oferta do ensino superior atraente ao candidato ao FIES?

No ranking da procura, estão os cursos cujos currículos são tradicionais e isso pode, de certo modo, dificultar a disruptura na oferta, mas o cenário atual é favorável a essa reorganização ou desorganização mesmo nessa procura, de modo a aproximar ainda mais esses cursos aos seus candidatos, com atenção especial à urgência em se preocupar com a investigação temática envolvendo atração, retenção e formação.

São eles: 1º lugar, direito (10,4,%) de 2 milhões e 800 mil; 2º administração (10,2%), 3º Pedagogia (8,3%) e 10º Engenharia Produção (2,1%) entre os 10 primeiros lugares.

Problemas de atração e retenção

Segundo a exposição apresentada pelo professor, há no Brasil um grande descompasso entre as áreas de formação e os milhões de brasileiros que não se empregam em suas áreas de formação. Como oferecer currículos que sejam bons para os interesses das IES e que atendam às expectativas dos seus candidatos universitários? Essa talvez seja a grande urgência das universidades que se preocupam com a atração e retenção, tanto no aspecto econômico-social quanto na qualidade formativa do egresso. Reter perpassa pela capacidade da IES de oferecer currículos e modelos de aprendizagem que fazem o aluno vestir a camisa da sua escola, além de estabelecer um vínculo acadêmico duradouro e formativo. Ainda nesse contexto, é bom que as universidades façam um exercício de autorreflexão quanto aos questionamentos da sociedade contemporânea: diploma = emprego? Por que as pessoas estudam na sua universidade? Diploma possui prazo de validade? O que as IES estão fazendo para renovar/ressignificar esse diploma? Por que ainda muitas IES oferecem currículos tradicionais ou defasados? Isso poderia estar impactando na redução da retenção acadêmico-universitária? Ou na atração? O que seria pior para a IES e para a sociedade nos dois casos?

O que não adianta

Convêm destacar, nos diálogos com o convidado, a consideração ao fato de que muitas IES brasileiras insistem em formatar e oferecer cursos de “fôlego curto”. Além disso, é preciso separar treinamento de formação nas universidades que ainda não descobriram essa imensa diferença... e que, na sociedade atual imediatista e digital separar o joio do trigo é fundamental. Currículos longos e fora da expectativa da sociedade produtiva são tão prejudiciais à retenção quanto aos cursos em formato de treinamento...

O que adianta

Do ponto de vista formativo e da retenção, apesar do excesso de informações que bombardeam a sociedade digital, diariamente, nas redes sociais e em dispositivos móveis, manter a qualidade do ensino universitário é fundamental. É ser diferente, inovador... Nesse aspecto, recomenda-se investir no formativo, na educação que faz o aluno, por exemplo, descobrir “o olho da engenharia” ou “o olho da administração”. Isso significar dizer que o aluno seja capaz, como egresso, de possuir mais um olho, o olho do mundo na sua área formativa. Investir em tecnologia, tanto em laboratórios pedagógicos quanto na formação continuada de professores e alunos é também uma poderosa arma nos processos de retenção e formação. É ilusório acreditar que a inovação vem da unilateralidade pedagógica. Investir em indicadores de desempenho das pessoas nessa conjuntura é acreditar na diferença, na inovação. Reter bons professores faz uma grande diferença nesse cenário, mas o professor precisa compreender o seu novo papel acadêmico-social, precisa atualizar-se, inclusive tecnologicamente, e valorizar a importância da sua “sabedoria” em utilizar o seu conhecimento na formação do egresso. Conteúdo é farto, mas o professor é essencial (Janine, SP, 2016)

Graduação para a vida

Humanizar é preciso... e a educação, segundo o que se observa no movimento global a favor de uma educação para a vida, deve ser pautada em currículos universitários cuja intenção seja a de desorganizar os modelos tradicionais nesse nível de aprendizagem, tendo, como base fundamental para essa mudança, a recomendação de investir misturando matérias da VIDA aos contextos curriculares e da aprendizagem que possam permitir aos alunos a oportunidade de reflexões e intervenções como diferenciais para um olhar que veja não apenas um mundo novo, mas, também, que o veja de modo conectado (Janine, SP, 2016). Nesse momento dos diálogos surgiram alguns questionamentos entre os pares do colóquio: inovar não pode estar associado aos games na educação, até porque quanto tempo esse artefato tecnológico vai durar como estratégia de aprendizagem? Não seria mais inovador investir em alternativas pedagógico-andragógicas de letramento cultural e científico, domínio de português, inglês e historia? Investir nas competências das relações humanas na aprendizagem? Por exemplo?

Sob esse olhar, surge como elemento fundamental a formação contínua da equipe multidisciplinar ligada diretamente à formação nas universidades, com destaque para o conhecimento da ética com o objetivo de formar pessoas mais humanas, formar pessoas que possuam o domínio de humanidades no convívio social e acadêmico, e, sobretudo, preparar o aluno universitário para conviver com várias profissões que desaparecerão ao longo de sua vida, em especial aquelas que estão na mira do avanço indiscriminado das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, NTICs.

Conhecimento com prazo de validade

Pensar que o conhecimento, enquanto motor formativo e de impactos sociais, culturais e de empregabilidade, estará disponível apenas nas salas de aula hierárquicas e institucionais, pode constituir-se em um desastre acadêmico-institucional. Nessa hipótese, a urgência em cursos mais curtos e contextualizados contribui para amenizar e reduzir a defasagem entre o que se procura e a oferta de cursos superiores. Mas para isso é imperativo considerar a distinção entre treinamento e formação e investir em atualização constante da competência acadêmica do corpo docente. Sob essa perspectiva, há um movimento mundial de integração entre IESs. Desse modo, há de se questionar: por que insistir em cursos tradicionais?

 Conquistando com excelência no ensino superior (Atração e retenção, aspectos a considerar) (Willian Lin - Instituto 9c)

Nesse momento do debate a atenção especial ficou por conta da humanização nas relações de atendimento aos candidatos, nas relações entre professores e alunos e entre a IES e sua comunidade. Segundo o interlocutor desse tema no evento, é preciso perceber e oferecer oportunidades de realização dos sonhos do aluno. Nesse sentido, preocupar-se com a inteligência emocional nas relações de aprendizagem e de prestação de serviços é tão importante quanto a preocupação de ensinar com qualidade. Os nossos professores estão preparados para essa missão humanista além da sala de aula? Estão preparados para as comunidades de aprendizagem para a vida, onde se interessar pelo outro (quem é você, de onde veio, o que veio buscar na minha escola, quem é a sua família?) é parte indissociável da estratégia de aprendizagem. Por que não adotar essa medida na escola oficial/tradicional? Do ponto de vista da atração, esse cuidado talvez seja o grande diferencial em relação aos concorrentes. Talvez seja a grande jogada de marketing no processo de atração. Atender além das expectativas não é mais diferencial na atração, mas uma questão de sobrevivência no “mercado educacional”.

Segundo o convidado Lin, Quality Service Management pela Disney Institute, humanizar na oferta de serviços educacionais significa, por exemplo, estar atento ao que pode ser feito pelo aluno utilizando a comunicação bilateral em interfaces do seu dia a dia: dispositivos móveis e redes sociais por exemplo. Significa comunicar-se de modo efetivo com o aluno, utilizando as competências internas da IES para que a escola não se afaste dos interesses do aluno.

Outro ponto de atenção nesse diálogo foi a recomendação para a investigação sobre elementos da emoção do aluno, de modo a aproximá-lo, também, pela humanização. Talvez no design da promoção de eventos sociais e campanhas de marketing de atração e aproximação. É preciso observar “os detalhes” que contribuem ou reduzem a capacidade de atração e continuidade; é preciso atenção especial ao processo de “comparação” consciente ou inconsciente que os alunos fazem enquanto principal personagem de impacto no processo de atração.

Do ponto de vista do atendimento, o que estamos fazendo para atender melhor o nosso aluno? Há entusiasmo da equipe de atendimento na IES ofertante? Há investimento contínuo na infraestrutura de atendimento ao aluno?A IES costuma parabenizar os seus melhores alunos ou aqueles que vestem a sua camisa? O que o aluno sabe sobre a história da sua escola, sobre o perfil dos seus dirigentes?

Para finalizar, o Sr. Lin deixou a seguinte reflexão: todas as pessoas em uma equipe de trabalho são importantes e devem estar conectadas com o mesmo objetivo, a mesma meta... “Só vende, atrai e mantém quem atende bem e com atenção diferenciada” (Lin, SP,2016).

 Retenção: inovação no ensino superior (Estratégias baseadas na inovação) (Prof. Luciano Meira)

Neste momento dos debates, o prof. Meira abre espaço para intervenções sobre o conceito de inovação. Segundo ele, inovar acontece quando alguém consegue servir a sociedade. Apresentou para instigar o debate o MC - Mapa Conceitual da sua tese, conforme se segue:

Inovação segundo Meira, SP, 2016.

Neste design, como proposta de inovação, não basta inovar para agregar valor se não há mudança de comportamento, se os resultados apurados não servem à sociedade em seus anseios sociais, culturais e de empregabilidade.

Destacou que no campo da pesquisa a inovação tem seu espaço para atender às demandas sociais, mesmo que no campo da aplicação. Nesse processo combinado entre pesquisa e inovação, a pesquisa básica deve servir de orientação para o inovar nas aplicações de cunho social. A mudança de comportamento pode ser o melhor indicador de inovação, e acredita-se que para isso a utilização de plataformas familiares e amigáveis pode favorecer e fortalecer os impactos da inovação na educação.

Discutiu-se nesse momento, a defasagem da ação de professores e pedagogos do século 19 no atendimento aos alunos do século 21. Observou-se durante esse questionamento a urgência de explorar, nessa dicotomia, a necessidade de inovar com a participação da família, inovar permitindo ao professor que ele tenha acesso ao avanço tecnológico que lhe dê conforto tecnológico-digital. Inovar nesse descompasso pode ser usar o marketing social em rede para desenvolver a consciência da aprendizagem colaborativo-cooperativa. Sugeriu, o prof. Meira, como ponto de partida, do ponto de vista da aprendizagem ativa, que a inovação acadêmica possa ter início com a introdução da aprendizagem baseada em projeto ou desafios, a exemplo do que foi demonstrado em suas práticas na Universidade Federal de Pernambuco, sob seu comando. Recomendou ainda que nessa proposta a interdisciplinaridade e a equipe multifunção não podem ser ignoradas sob pena de resultados pífios a serem apurados.

Do ponto de vista educacional, a inovação deve trilhar por um caminho rumo à retenção combinada com as realidades dos alunos (socioregionais, socioeconômicas e tecnológicas). Ainda no campo da inovação pedagógica, a gamificação pode introduzir na prática docente a possibilidade de desenvolver novas habilidades e competências, por meio de suas fases e narrativas, intercalando desafios e metas em diferentes momentos da sua lógica de aprendizagem desafiadora.

Sugeriu explorar a comunicação digital-móvel com avisos e mensagens de aproximação com o aluno, por meio do celular como interface de atenção aos alunos em momentos de dificuldades, de aprendizagem ou aulas de reposição.

Finalmente recomendou como estratégias para a inovação no ensino superior, desenvolver projetos e programas universitários que deem atenção especial para:

Como descobrir quem são as pessoas líderes na sua universidade? Crie um “movimento” com as características do tripé: novidade, valor agregado e mudança de comportamento para a inovação dentro da sua universidade com esses líderes. Eles poderão, de modo convincente, promover o engajamento de novos líderes ou de pessoas que ainda estão em dúvida sobre a real necessidade de mudanças para oferecer novos diferenciais aos alunos e fortalecer a retenção.

Pense em investir em projetos do tipo “startup acadêmico”, de modo a descobrir e incentivar o espírito inovador do estudante e da comunidade acadêmica da sua IES materializado em projetos de atendimento à sociedade onde vivem.

Promova eventos que permitam os “15 minutos de fama” das competências e iniciativas criadoras e inovadoras internas.

Contrate um designer de serviços ou de experiências internas, que permitam parcerias inovadoras com os professores e alunos. Nesse sentido, o envolvimento de alunos e professores em projetos dessa monta é fundamental para que haja sustentabilidade acadêmcia, para que haja retenção.

Contribuições da instituição organizadora (Formação, Atração e Inovação)

Não menos importante, a instituição organizadora do evento apresentou as suas contribuições de apoio às ações universitárias no objetivo de desenvolver novas competências para o aumento da retenção, para o desenvolvimento de projetos educacionais inovadores e novas técnicas de atração e formação de pessoas nas comunidades acadêmicas nacionais e internacionais.

 Considerações finais

Enfim, dentre tantas experiências e vivências, o IV colóquio Pearson foi de grande relevância em minha trajetória como educador e professor. Trouxe não só aspectos de autorreflexão para o meu cotidiano na EaD, mas principalmente permitiu aos participantes do evento momentos de grande potencial de retenção dos conteúdos, ideias, recomendações e modelos inovadores apresentados durante os debates e as atividades de aprendizagem ativa promovidas durante o colóquio.