Por Enilton F. Rocha, mar. 2022.

Há no país uma dicotomia na referência conceitual de Design Instrucional ao compará-lo ao Design Educacional, visto que embora se aproximem em algumas instâncias do processo ensino e aprendizagem embutido nas cinco dimensões[1] das competências da gestão educacional, possuem propósitos, métodos e técnicas diferenciados.

Não creio que um anule o outro, mas que seja preciso diferenciá-los em razão de seus pressupostos educacionais e seus propósitos sob pena de prejuízos tanto na fase de projeto e suas expectativas, quanto nas fases de execução e gestão de pessoas e resultados.

Na literatura brasileira, o DI possui origem nas instruções de uso e de ações da segunda guerra, herança dos americanos. Historicamente, é utilizado no planejamento de cursos e de treinamentos com um objetivo específico (desenvolver aptidão, competência operacional). Mais recentemente, com o avanço desenfreado das nTICs – Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, tem sido desenhado para cursos e disciplinas oferecidas no modelo híbrido ou online da educação mediada tecnologicamente a distância apelidada de EaD, no Brasil.

Nos textos e artigos que se seguem, observa-se uma associação muito forte, de propósito, dos autores tanto do DI quanto do DE aos processos de ensino e de aprendizagem ligados a ambientes digitais de aprendizagem, configurando-se em um conceito direcionando para o ensinar e aprender, nessa associação. Mas há também na concepção de um dos autores, uma diferenciação, ainda que localizada, na definição do DE.

Depois de várias curadorias e práticas ao longo dos últimos quinze anos na implantação de Design Educacional, no ensino superior, creio que posso arriscar-me a inferir que há diferenças substanciais entre as duas terminologias e seus propósitos:

  1. Design Educacional – DE, projeto educacional que contemplo as cinco dimensões do ambiente educacional, cujo propósito, contextualizado, vai além das expectativas para o ensinar e aprender e considera as implicações/requisitos dos ambientes interno e externo de influência; as implicações do uso da mediação tecnológica, dos aspectos subjetivo-educacionais do estudante, dos professores e dos gestores; as implicações de ordem regulatória e as questões política e cultural, de modo a oferecer uma educação transformadora e não instrucional.
  2. Design Instrucional – DI, planejamento instrucional que contempla os processos de ensino e de aprendizagem mediados tecnologicamente a distância. Em outras palavras, uma definição bem próxima da proposta pela Filatro (2008, p. 3): ”Em outras palavras, definimos design instrucional como o processo (conjunto de atividades) de identificar um problema (uma necessidade) de aprendizagem e desenhar, implementar e avaliar uma solução para esse problema.”

Enfim, há controvérsias e um bom caminho para a reavaliação desses conceitos creio que seja uma constante revisão bibliográfica sobre o tema e o estudo dos impactos de fatores externos ao ambiente educacional quer seja de ordem institucional, de regulação pelos poderes público e privado, bem como das imposições e influencias advindas das pressões da sociedade digital contemporânea.

Belo Horizonte, 28 de março de 2022.

Enilton Ferreira Rocha

WR3 EaD Consultoria.

Contato: WhatsApp: 31.99122-6132

Linkedin: https://www.linkedin.com/in/eniltonfrocha/

Algumas leituras recomendadas:

ANDRADE, Saulo Carmo de; SANTOS, Maria de Fátima Luz. O design instrucional e o design educacional sob a ótica de uma educação progressista

https://publicacoes.ifba.edu.br/ensinoemfoco/article/download/807/533/2538

CRUZ et al. Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate multidisciplinar

 https://periodicos.itp.ifsp.edu.br/index.php/RIFP/article/view/941

FILATRO, Andrea. Design Instrucional na prática. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2008. 174 p. ISBN 9788576051886

MATTAR, João. Design Educacional: educação a distância na prática. 1ªEd. São Paulo:
Artesanato Educacional, 2014. 190 p. 9788564803022.

ROCHA, Enilton F. Microtexto II: Design Educacional, uma perspectiva inovadora muito além da instrução. Disponível em: https://wr3ead.com.br/praticas-na-ead-compartilhando-ideias-experiencias-e-vivencias/ Acesso em: 25 mar. 2022.

SOUZA, Francisco José Rodrigues. A importância do design no desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem

https://periodicos.itp.ifsp.edu.br/index.php/RIFP/article/view/1058

[1] DE – Design Educacional (Design WR3 EaD ):  1 – Plano Estratégico, Administração e Sustentabilidade, 2 – Modelo Educacional e seus Componentes, 3 – Ambiente Tecnológico-Digital de Mediação, 4 – Humanização, Comunicação e Feedback, 5 – Gestão de Desempenho e Indicadores de Resultados.

 

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