Foi-se o tempo em que a quantidade e a pedagogia massiva eram pseudos sinônimos de competência, de qualidade e de bons resultados na educação privada superior. A considerar a dinâmica do mercado de educação superior no Brasil, com a previsão de queda livre nas mensalidades da oferta no ensino superior e de expansão da EaD, a única alternativa parece caminhar para a opção menos que pode ser mais… (foco, seleção e oferta de poucos e novos currículos). De 2001 a 2016 antes dos novos instrumentos da EaD, publicados pelo MEC, o conceito de aprendizagem mediada e a distância era, segundo demonstrações embutidas nos editais de oferta e metodologias divulgadas, um tabuleiro de cópias de currículos e de modelos do ensino presencial. Um retrato desenhado pela legislação em vigor na época, cujo centro das atenções eram o aparato burocrático institucional, a tradição acadêmica comprometida com o passado e a negligência à atenção especial ao estudante (único foco de uma aprendizagem significativo-ativa).
Nesse cenário, consegue-se vislumbrar um novo marco educacional disruptivo cujo propósito parece configurar três grandes modelos de oferta no ensino superior:
1. ensino para aprendizagem massiva, com reflexos diretos na qualidade e foco na entrega de meros diplomas de graduação (Derivado dos MOOCs);
2. aprendizagem ativo-qualificada, seletiva, certificadora, com foco em novos currículos e no estudante, com formação para a empregabilidade e empreendedorismo ( Pirâmide Curricular em: Estudante, Aprendizagem e Mercado e OCDE, 2018);
3. e aprendizagem ativa com foco em novos currículos e no estudante, com formação para a vida em sociedade e o trabalho (Proposta OCDE, 2018).
Creio que a grande sacada será a competência da IES para identificar, estrategicamente, para onde ir, qual dos três modelos incorporar, qual o perfil do estudante que pretende captar, selecionar, admitir e manter. Mas isso não parece fácil, diante do quadro instável político-econômico que atravessa o país, as pesadas estruturas físico-burocráticas do arcabouço acadêmico de muitas delas e a concorrência muitas vezes desleal, do ponto de vista educacional. Não serão fáceis as mudanças profundas a que se submeterão no âmbito da seleção, contratação e formação contínua de seu corpo docente, pois sem a renovação desse motor de mudanças e inovações o modelo de ensino a ser adotado provavelmente será o de número 1 (aprendizagem massiva).
Nesse contexto ficam as perguntas:
1. A previsão de queda livre nas mensalidades da oferta no ensino superior e de expansão da EaD pode representar, no futuro presente, a divisão de qualidade na aprendizagem e consequentemente estudantes com competências formativas tipo A, B e C para a vida em sociedade e a empregabilidade?
2. Qual dos três modelos será mais apropriado do ponto de vista do equilíbrio entre a qualidade, a quantidade de matrículas e a sustentabilidade econômica da IES?