“Novos concorrentes das IES miram tecnologia”

(Revista Ensino Superior, set. 2022: https://revistaensinosuperior.com.br/novos-concorrentes-das-ies/ )

Algumas considerações que faço sobre esta reportagem:

a) “Por outro lado, há um custo fixo alto para criação de conteúdo, infraestrutura tecnológica etc.”

Essa frase pode estar declarando um equívoco de margem de contribuição econômico-financeira na planilha de uma disciplina/curso ou confundir o leitor que não está familiarizado ou não conhece os princípios e requisitos para uma educação de qualidade. Sabe-se que diante do avanço das tecnologias digitais, o custo com a produção de conteúdo pode ser reduzido significativamente e com a chancela de qualidade  garantida, utilizando a metodologia de curadoria digital de material didático e conteúdo. Temos exemplos de redução na casa dos 28,5%, com impacto direto na margem de contribuição, utilizando essa metodologia.

As famosas “fábricas de conteúdo” e “esteiras de produção”, jargões utilizados por muitas empresas brasileiras de produção de conteúdo, podem estar com os seus dias contados. Isso, considerando o tema central dessa reportagem e as evidências de que a aprendizagem baseada em conteúdo só faz sentido para quem está buscando um “diploma de parede”… Mas convém destacar, que a curadoria de material didático e conteúdo não pode ser confundida com a busca no google ou com a famosa lista de referências bibliográficas…Longe disso. Em seus fundamentos teórico-metodológicos, o propósito da disciplina ou curso, a equidade, a ubiquidade, a segurança da informação e o efeito transformação do aprendiz ou estudante são pesos entre 8 a 10, na escala de um a dez, na curadoria digital de material didático e conteúdo (Método WR3 EaD Consultoria).

Noutra perspectiva, o material didático e o conteúdo estão diretamente relacionados com o método significativo-ativo e de transformação da aprendizagem. Essa associação da “fábrica de conteúdo” e da “esteira de produção” à oferta de cursos superiores foi criada no início do século, trazendo conceitos e produtos exigidos pela burocracia do MEC nos processos de credenciamento das IES para a oferta de EaD e de autorização de cursos. Continuam e pouco acrescentam na qualidade da jornada estudantil, na excelência do atendimento às expectativas do estudante e da sociedade, mas que podem ser substituídos pela curadoria digital atendendo igualmente aos requisitos do MEC, ressalvadas as garantias de acesso, segurança, equidade e qualidade educacional.

b) “As empresas estão usando, cada vez mais, tudo o que existe no universo digital com o objetivo de ter mais proximidade com os seus clientes. Para resolver melhor as dores identificadas, além da tal experiência líquida, ou seja, você não compara mais a solução do seu banco com outro banco. Compara com a solução de qualquer experiência, como a de uma rede social ou aplicativo. Tudo isso passou a ser parte do dia a dia das empresas e esse jeito de trabalhar tem evoluído muito rápido, as IES tradicionais não conseguiram acompanhar” (Paulo de Tarso, CEO da XP Educação).

Nessa declaração, concentra-se o principal elemento de fragilidade do sistema atual formal e tradicional no ensino superior. A burocracia acadêmica brasileira, a arrogância epistemológica praticada em sala de aula, especialmente no ensino superior público, e a negação da urgência em substituir o processo atual de criação e uso de currículos universitários que não atendem aos novos contextos de complexidade/calamidade social, política e econômica, mundo afora, e os métodos de ensino ultrapassados são os principais causadores do avanço da concorrência de novos setores não ligados à educação.

Com “o andar da carruagem”, as evidências apontam para um “mercado paralelo e bem-sucedido” de ensino superior no Brasil, que poderá, em breve, não depender do tão criticado  método de avaliação externa do MEC, mas que contará com a aprovação da sociedade, esta, ávida por resultados universitários de impacto no desenvolvimento do Brasil. Acredito que o grande acelerador desse novo segmento educacional sejam, em contrapartida, as dificuldades e as resistências que muitas IES, em especial as públicas, apresentam para compreender e apropriarem do grande potencial dos polos digitais (WR3 EaD, 2020), bem como da riqueza do hibridismo implementado com o uso das estações de aprendizagem. Compreender e apropriarem da ciência e do data analytics de dados, da realidade virtual e aumentada na gestão de ensino e aprendizagem. Apropriarem do conceito e da prática do ensino em ambiente holográfico, entre outros.

Finalmente estamos diante de um processo irreversível de concorrência que poderá oferecer aos brasileiros uma contrapartida de oferta, ao sistema atual de ensino superior, com um design futurista e conectado aos desejos e expectativas da sociedade brasileira. Foram décadas, por que não dizer, séculos de espera e que agora diante do caos provocado pela pandemia mundo afora e o avanço desenfreado das tecnologias digitais, não há mais tempo para a versão beta nem para discursos e “qualis periódicos acadêmicos” sobre esse tema.

Nessa corrida contra o tempo, algumas IES, do segmento educacional, tentam refazer seus planejamentos e currículos para enfrentarem mais este novo desafio.

Eis que chegaram os novos tempos, para os novos e eficientes empreendedores educacionais brasileiros…

Enilton F. Rocha, set. 2022.

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